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sexta-feira

Francisco de Assis

1
FRANCISCO DE ASSIS
A saga do irmão da natureza. Um espetáculo emocionante retratando a vida de Francisco de Assis.
Apresenta este apóstolo do Cristo à luz da Doutrina Espírita.
É um texto um pouco mais elaborado, mas que pode ser apresentado por grupos adultos ou
adolescentes.
Baseado na obra Francisco de Assis pelo Espírito Miramez.
PERSONAGENS
JOÃO EVANGELISTA – J JARLA – Ja
MARIA PICALLINI – M BASÍLIO- BA
IRMÃO ALEGRIA1 - IA1 FRANCISCO DE ASSIS - F
IRMÃO ALEGRIA2 – IA2 VOZ - VV
PEDRO BERNADONE – P SENHORA1 – S1
PADRE - PD SENHORA2 – S2
FREI 1 – F1 JOSÉ MARIA - JM
MADRE SUPERIORA – MS TANALLI - TA
CARDEAL 1 – C1 CARDEAL 2 – C2
PAPA – PA LOUCA– LO
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CLARA – CL MÉDICO – ME
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I ATO
CENA 1
[Abrem –se as cortinas, no palco somente um personagem -Um dos irmãos alegria - único que dará início
à peça. O cenário estará com apenas uma luz fraca]
IA1 – E eis que as profecias de um dos grandes sábios da antigüidade se fazem verbo... As trevas, de espíritos
sangüinários, voltam à Terra que há apenas mil anos havia recebido a mensagem de amor do Cristo, mas mais
uma vez neste planeta de provas e expiações, espíritos em evolução sucumbem diante do mal e se faz
necessário a vinda de alguém para amenizar a maldade e a ignorância humana. Este espírito já esteve entre
vós como discípulo do filho de carpinteiro que revolucionou o mundo. João, o último dos apóstolos, aquele
que escreveu o apocalipse, no qual previu todo esse mau que seria causado durante as cruzadas e a inquisição,
ele mesmo voltará ao vosso meio carnal para reviver o amor que o Cristo havia trazido há mil anos.
[Neste momento entra em cena outro personagem (outro irmão alegria) e a luz vai aumentando bem
lentamente]
IA2 – É neste envoltório de boas vibrações para volta do apóstolo do amor que todos nós aqui presentes neste
meio de trabalho amigo, glorificamos tamanha graça que nos foi dada ao poder regressarmos no meio do
grupo que o acompanhará ao longo desta árdua mas gratificante tarefa que nos foi ofertada.
[Entra no palco João Evangelista, todos se calam e ficam admirados com a presença de um espírito como
João que logo em seguida se põe a falar]
J- Filhos do meu coração, que a paz de Jesus Cristo reine em nossos espíritos em nome de Deus, nosso Pai
Celestial. É de alta valia o fato de termos aportado nesta estância do Senhor para esta reunião que constitui
para nós uma festa, na qual firmamos compromissos com a lei que nos garante a própria vida.
IA2- É, pai João, e na situação em que o planeta Terra se encontra não será nada fácil.
J – Sim filhos meus, já é do conhecimento de todos que vamos lutar com feras humanas e com espíritos
bestializados, almas endurecidas que irão nos atacar de maneira inteligente. Cuidemos, pois, de renunciar às
facilidades no meio delas, pois nelas se escondem as víboras que nos picarão com veneno perigoso. O mundo
ainda é o seu reino, e se lá vivem, é certo que suas experiências no Mal são grandes. Compete a nós outros
nos lembrarmos novamente de Jesus quando proclama:
Vigiai e orai, para que não entreis em tentação.
O Espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
[João faz uma pequena pausa e continua]
J- Grande luz de todas as esperanças!...Eis que estamos partindo como cordeiros para o sacrifício, sem julgar
os que porventura nos ofenderem, que por acaso nos venham a maltratar, ou que, por ignorância, nos
expulsarem da vida física. Não permitais que fraquejemos, nem que se esgotem as nossas energias nas lutas.
Queremos ser dignos do vosso amor, revigorai as nossas forças, e ajudai-nos, Senhor, na arte de amar a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
[ João Evangelista, irradiando a olhos vistos uma grande luz azul celeste chorava. Chorava!... Porém
chorava de alegria. Neste momento os companheiros presentes no palco abraçam-no como um pai.
Finalizando as despedidas, João fala com sabedoria]
J- Companheiros, eis que devo vos falar um pouco mais Não percais a esperança em tempo algum, pois ela é
a tocha inflamável que podeis acender, aumentando o lume da fé.
[Após as despedidas todos os companheiros saem com a exceção de João que permanece no palco,
perpassa os olhos pelo “céu estrelado” e toma também a sua direção saindo de cena enquanto isso entra no
palco a futura mãe de João e Jarla]
M – Jarla, vou ter um filho. Já sonhei com ele... É um anjo! Queira Deus que esse sonho seja verdadeiro.
Ja- Também acho, senhora, porque de certo tempo para cá, até mesmo o senhor Pedro está mais amável, não
só para minha filha, como para todos nós. Neste fim de ano, todos ganhamos presentes! Que bom, vamos ter
um santo em casa!
[ A Senhora Bernadone, aproveitando o Evangelho entre as delicadas mãos, abre ao acaso e lê com
profícuo interesse em Marcos capítulo nove versículo trinta e cinco]
“Se alguém quiser ser o primeiro, será o último de todos e o servo de todos.”
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M – Há quanto tempo moramos aqui e não tínhamos conhecido ainda esta felicidade! Pensava em certos
momentos, que era preciso comprá-la a peso de ouro; hoje, porém, mudei de idéia. Tanto você quanto eu
estamos envolvidas por ela. O céu é para todos, mas nem todos se encontram preparados para o céu.
[ As duas saem abraçadas do palco, quando entra Pedro Bernadone, homem materialista que é contra as
idéias de sua mulher e acredita que ela está ficando louca. Entra em palco pensativo e coloca seu
pensamento em voz alta para o público]
P- Minha mulher deve estar ficando louca. Imagine! o filho de Pedro Bernadone será um santo que havia
visitado-a em sonho. Jamais, meu filho será um grande comerciante assim como eu e muito mais rico. Mas se
ela continuar com essas idéias e se contaminando com os pensamentos de Jarla será pior... tenho que tentar
controlá-la.
[Pedro sai do palco pensativo e apagam-se as luzes, enquanto isso é preparado o quarto de Pedro e Maria.
Acendem-se as luzes lentamente. Pedro e Maria estão dormindo, João entra e beija a face de sua futura
genitora com respeito de repente entra em cena Maria espírito que tenta voltar ao corpo mas pelas
circunstâncias não consegue]
J- Minha irmã, que a paz de Jesus Cristo seja em teu coração, e te faça dentre as mulheres uma mãe, e que
seja minha, por graça da vida! A minha gratidão nunca faltará, por esse teu gesto de amor; agradeceria poder
nascer por teu intermédio. Não sou Anjo como pensas, nem santo, como divagas em pensamento. Sou, sim,
teu irmão em Jesus, querendo acertar naquilo com que me comprometi com os maiores da espiritualidade. Se
aceitares minha chegada pelos canais da tua vida, selarás um compromisso com alguém maior do que nós na
Terra, e talvez por isso sofra vexames, desprezo, maledicência pois virás a ser instrumento de grandes
acontecimentos.
M – Não sou dona de mim mesma, quando se trata da vontade do Mestre. É bom que se cumpra a vontade dos
céus e não a minha, e, se isso depende do meu sim, já esta dado pelo coração. A felicidade e a honra são toda
nossa. Saberei, emissário dos céus ficar imune a todos os ataques das ordens inferiores, e creio que a tua ajuda
não vai me faltar. O coração não me enganou, pois por inspiração já sei de quem se trata. Que Deus me ajude
a compreender os meus deveres diante de tão relevante tarefa no mundo! Sim, serás meu filho!
[Neste momento chega Pedro espírito e se encontra com Maria e João conversando e desconfiado ouve o
que João tem a lhe dizer. João estende a mão a Pedro e diz:]
J- Meu senhor, que Deus e Jesus Cristo façam do teu coração um tesouro do bem, que a riqueza espiritual do
teu lar acompanhe a da Terra! Eu tenho muito prazer em vê-lo junto à tua esposa, cujas qualidades nos
enriquecem os argumentos, em se falando do nosso Mestre. Não nos leve a mal por estarmos neste recinto
sagrado às tuas aspirações, mas queremos falar-te ao coração, nesta noite que marcará o nosso destino na
Terra.
M – Querido, este venerando senhor é um deus de prosperidade, aguardando nossa decisão, para que
possamos nos enriquecer para Deus, na luz de Nosso senhor Jesus Cristo!
[Bernadone muda o semblante, caindo aos pés do apóstolo, beijando suas vestes, pedidno desculpas e fala
embaraçado]
P – Não sei se é verdade, porém, penso que deves ser esse Anjo de quem me falaste...
[e olhando a jovem senhora, que aprovara com um gesto, levanta-se e diz:]
P – Que queres de nós, que porventura não estejamos dispostos a fazer? Dize, venerando deus, que faremos o
impossível! Nada há na Terra que o dinheiro não compre, e a nossa bolsa está contentamente recheada. O teu
pedido é uma ordem! Mas afinal o que queres de mim?
J – Que sejas meu Pai! Desejo nascer neste lar; não obstante, sem a tua aquiescência, terei de procurar outro.
P – Se depende de mim, meu Deus, faças-e a tua vontade, que seremos os teus escravos. Pelo que vejo minha
esposa já aceitou, e eu o aceito igualmente.
[As luzes se apagam. Acendem-se as luzes lentamente, cena em que Maria Picá fica grávida... Jarla entra
dizendo:]
Ja – Patroa, porque não dar a esse Anjo que vai nascer o nome de João? Ele merece o nome do discípulo
porque vai continuar o apostolado do Cristo, já que não temos mais dúvidas da sua grandiosa missão na Terra!
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M – Tive o mesmo pensamento. Será João o seu nome. Todavia, quero que guardes segredo absoluto, pois o
evangelho nos adverte para não darmos coisas sagradas aos cães. Que ele nasça com o Evangelho do
Nazareno no coração!
CENA 2
[Apagam-se as luzes. Ninguém no palco – Música 6 As Mais Belas Canções de Ninar – choro de bebê e
entra Pedro Bernadone eufórico com o filho nos braços ]
P – É um menino! Vejam! E será um grande comerciante! Não é meu filho? Seu nome será Francisco pois
um emissário dos céus me pediu para que assim seja.
[ Pedro fica no palco com o filho nos braços e as irmãs alegria entram e dizem]
IA1 – E Francisco crescerá muito saudável , e receberá uma educação digna do estado social à que seu pai
pertence.
[ Pedro sai do palco]
IA2 – Mas, o mais importante no crescimento de Francisco foi dito por sua mãe antes que ele nascesse.
P1 – E.. Francisco cresceu com o Evangelho do Nazareno no coração.
IA2 - Tratando do seu pai até o pior dos servos da mesma forma com amor, atenção e delicadeza.
[ IA1 e IA2 saem do palco luzes mais fortes em Pedro e Maria conversando]
CENA 3
P – Como já sabes que é de costume em minha profissão terei que fazer mais uma daquelas longas viagens
pelas minhas propriedades. Gostaria de levar Francisco comigo mas ele ainda é muito novo e está viagem
necessita de muita paciência e experiência no comércio por isso o deixarei sob os seus cuidados.
M – Sim, meu senhor. Sei que Francisco ainda não se encontra na idade ideal para conhecer os negócios da
família apesar de já ter quinze anos. Espero que volte logo.
P – Tenho que cuidar dos negócios para que quando Francisco for mais velho seja um homem rico e bem
sucedido.
[ Pedro Bernadone despede-se da esposa e sai, Maria Picallini pega um livro para ler e Jarla entra
depois.]
M- Jarla , viste ai nosso menino?
Ja- Não o vi. Decerto deve está de conversa com alguns garotos ou contando histórias a outros como de
costume. [pausa] Não consegue ficar sem vê-lo , não é?
M-[risos] Francisco me traz conforto e força ao coração!
[No meio da conversa calorosa entra , beija a face de sua mãe e entrega-lhe um ramo de flores]
M- Onde esteve até agora meu filho?
F- Estive no campo mamãe. Fui até lá cavalgando como de costume. Estava apreciando e contando algumas
histórias.
[M o abraça.]
M- Você é um jovem muito especial meu filho!
[As luzes se apagam, as Ias entram e falam...]
CENA 4
IA1 – E o tempo passa... Francisco cada vez mais busca contato com os seres da natureza...
IA2 – Em cada sopro do vento, a presença de Deus... em cada flor
IA1 – a Presença Divina...
IA2 – Mas... Pedro Bernardone regressa ao lar...
[As luzes se apagam entra Pedro que chama F.]
6
P- Fco venha cá!
F- Sim papai.
P- Onde estava?
F- Estava conversando com alguns amigos.
P- Amigos ou servos da casa? Tu tens que entender que são nossos empregados e estão prontos para nos
servir...
F- Sim papai. [ameaça sair]
P- E tem mais uma coisa, a sinceridade com que falas aos fregueses pode prejudicar na nossa posição
financeira. A verdade comercial é diferente da verdade do coração. No comércio, existem segredos que se
revelados nos prejudicariam , portanto , quero mais autoridade e respeito em tuas atitudes.
[O pai sai e F abaixa a cabeça desolado por não concordar com as idéias de seu pai. Fechou os olhos e os
abriu avistando o céu.]
F- Senhor , meu Deus, porque os homens mentem tanto para tentar obter coisas materiais? Tive oportunidade
de estar com meu pai em outros países e o que encontro? Apenas seres de tal estirpe. Porque pensam assim?
Ajuda-me Pai porque às vezes tenho ímpeto de renunciar e partir de minha própria casa já que as minhas
idéias são contrárias às do meu pai!
[F chora e fica um tempo meditando calado. Depois de um tempo entra sua mãe e assenta a seu lado e
parecendo sentir que F queria falar já os esperava]
F- Mamãe , achas certo que comerciante minta a seu freguês para conseguir vender sua mercadoria? E essa
fortuna que papai obteve e ainda obtém , este conforto e esta casa tão maravilhosamente decorada , de onde
vem esta fortuna?
M- Meu filho....
[M o abraça e o deita ao colo acariciando seus cabelos. Jarla entra e interrompe este momento sublime.]
Ja- Mas que bela cena que interrompo. Pica pareces muito preocupada a meu ver! Fco , meu filho , que tal
cantarmos a modo de alegrar a tua mãe?
[F em outro plano continua ao colo de sua mãe e Jarla insiste.]
Ja-Fco...
F- Sim Jarla , não a ouvia, que queres de mim?
Ja- Canta comigo, filho?
[Jarla e F cantam doce sentimento, enquanto M ouve os dois cantando. Depois que acabou M fala.]
M- Fco , pensarei no que me perguntaste e lhe darei a resposta.
[M levantou e beijou a face de seu filho que lhe responde:]
F- Mamãe , esta resposta é muito importante para minha vida . Tomarei uma decisão através de tua resposta.
[F sai e M diz a Ja de sua conversa com ele.]
M- Fco veio me perguntar de onde vem a fortuna de seu pai. Eu não soube respondê-lo e prometi pensar no
assunto.
Ja [se cala por um tempo]- É Pica , acho que já começou a missão do nosso garoto. Fco gosta da verdade e
devemos responder suas perguntas que irão se multiplicar. Saibamos usar a verdade para com ele!
M- Era o que necessitava ouvir. Mesmo com dificuldade e dor o contaremos toda a verdade . E que Deus
abençoe à todos .
[M e Ja se abraçam congela a cena]
[FIM DO PRIMEIRO DIA]
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II ATO
CENA 1
[Entram as IAs]
IA1- A inteligência de Fco era motivo de muita alegria...
IA2- E que por outro lado trazia preocupação e conflitos...
IA1- A começar pelo pai...
IA2- Ou com a Igreja...
IA2 - ou com...
[Os dois se olham e saem. Voltam Ja e M e se sentam. Depois de um tempo chega F.]
F- Então mamãe , fala a tua opinião a respeito do que perguntei.
[M vai de encontro ao filho já emocionada.]
M- Fco...o comércio na terra é oprimido pela inteligência. As barganhas constituíram os primeiros laços de
fraternidade entre os povos. Através do comércio que eles se conheceram e criaram as leis. Alguém tem que
estar em busca de valores menores para aproximarem os maiores. Ninguém na vida somente recebe.
[F de olhos fechados ouvia o que sua mãe dizia e Ja com semblante de felicidade ao ouvir M falar.]
M- O conforto que temos aqui vem do esforço e trabalho de seu pai. Como diz no Evangelho: “Todo
trabalhador é digno do seu salário”. O que Pedro obteve é de valia minha , sua , de Jarla e de nossos servos.
Cada um tem sua tarefa e não podemos modificar a natureza de teu pai.
[M parou olhou para Ja que fez uma cara de satisfação.]
M- Ainda és uma criança de Assis e não poderás mudar o mundo. Então Jarla?
Ja- Não tenho a acrescentar. Não podemos consertar o mundo de uma vez só. Fco , medita no que ouviste e
saiba que a vida é nossa professora. É bom lembrar que deves respeitar o teu pai e tua mãe para obter paz em
teu divino e gracioso lar.
[F as abraçou e beijou dizendo:]
F- Estrelas de minha vida, que Deus colocou em meu caminho, são em vós que encontro minha segurança.
Mamãe , és verdadeira nas palavras , apesar de não saber se poderei seguí-las , as fala com sabedoria e
tranqüilidade. Serei oprimido por meu pai já que ambiciono difundir a alegria pura , amizade , fé , piedade ,
caridade e acima de tudo amor.
[Os três saem e entram IAs.]
CENA 2
IA2- Apesar de pouca idade Fco começou a Ter piedade de todos seres que sofrem...
IA1- do inseto ao homem.
IA2 - Fco confiava imensamente em sua mãe e não sabia às vezes se expressar...
IA1- Mas acreditava que ela sabia o que ele estava falando.
IA2- Passando alguns dias....
[F entra]
F- É , não posso modificar de uma só vez o modo como vive meu pai mas, também , não posso vê-lo fazer e
cruzar os braços. Estou disposto a ajudá-lo , mesmo que....
[Música: Oração de São Francisco - Integração vai tocar]
IA1- Alma sensível e generosa...
IA2- Que o mundo espiritual poderia dedilhar.
IA1- A luta começou dentro de sua própria casa.
IA2- E quem fê-lo lançar mão da espada foi seu próprio pai.
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ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO COM CLARINETA DURANTE OS PRÓXIMOS DIÁLOGOS
F- Pai amado , que devo fazer? Onde devo pisar? Aliviai-me deste conflito que envolve meu coração. Dai-me
condições para instalar a paz onde houver discussão , a fé onde houver dúvida e o trabalho onde houver
inércia! Permita que eu seja instrumento fiel em tuas sagradas mãos. [Pausa] Que queres que eu faça? Estou
prestes a cair em águas perigosas , sem Ter habilidade de nadador. Quero saber da minha utilidade. Toma
minhas mãos nas tuas , mostrando-me os campos de trabalho, onde devo acionar os instrumento de plantio.
[Pausa para meditação e a música que estava baixa no fundo aumenta. Luz forte. Depois de um tempo
uma voz ecoou.]
VV - Francisco!...Temer é cortar a comunicação com quem quer te ajudar. Duvidar é fazer crescer dentro de
si obstáculos. Julgar os erros dos outros é atestado de que o amor não se fez presente no seu coração. Eu sou
aquele que haveria de voltar!...E volto quantas vezes necessária aos corações dos homens de boa vontade ,
desde quando abramos as portas e que eu possa dizer: A paz seja convosco!...Compreenda que o trabalho é
demorado e não violenta os teus irmãos. Ainda continuo crucificado. Tira-me da cruz! O prazer dos homens é
me ver sofrer. Já é tempo de mudanças , e o começo é teu. Aceita a humanidade como ela é; estarei ao teu
lado , se abrirdes o coração para que eu possa falar-te claramente. Até breve.
F- Obrigado, Pai. Sei que estarás comigo nos bons e nos mais difíceis momentos. Sei também que em vez de
começar a modificar o mundo , o maior obstáculo é em minha casa: meu pai. Eu vencerei! Vivendo o amor!
[As luzes se apagam. F sai do palco, ruído de pessoas na feira. Foi até a estrebaria onde se encontrava por
lá Basílio , um velhinho muito simpático que comoveu F.]
CENA 3
F- Como chamas?
BA- O meu nome é Basílio.
F – E de onde vens, meu bom Basílio? conta-me tua estória por que sinto muita vontade em te ouvir...
BA - Foragido de Roma... onde meus pais foram decapitados. Era jovem, tinha quinze anos, quando assisti a
tudo. Horas depois fui vendido a um rico camponês. Anos mais tarde, teu pai comprou-me, desde então tenho
trabalhado para ele aqui nesta estrebaria...
F- ...Continue! Não fique com medo de aparecer alguém!
BA – Por muito tempo vivi amargurado, mas a esperança algumas vezes pairava sobre mim. Ficava semanas
sem me revoltar e esses momentos me levaram a crer em Deus. [Pausa] Meu senhor, sinto que és anjo
escondido numa roupa de luxo e com uma alma maravilhosa. [Pausa]. Esta estrebaria é minha vida.... Tu não
mereces ver isso.... Perdoa-me.
F [emocionado]- Não , prossiga irmão!
BA- Tinha afeição a uma jovem serva que , obrigada , transformou-se em amante de um capataz . Fomos
surpreendidos conversando e fui levado ao senhor que deixou que me mutilassem e me deixassem entre a vida
e a morte. Não devo falar mais , o Sr. Já está envolvido com os meus problemas. É melhor ir embora.
[F emocionado se retirou daquele local]
IA1- Fco procurou interrogar mais pessoas que trabalhavam com seu pai.
IA2- Falava com uma daqui , outro dali...Foi até os lugares mais afastados para saber como viviam as
pessoas.
[ som de pessoas na feira, barulho de cavalos. Pausa... Entram, M e Ja.]
P [fora do palco, nervoso]- Onde estará Francisco?
M- Decerto deve estar passeando.
[F entra com Foli]
M- Meu filho , como demoraste! Quem é esta?
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F- Esta é Foli. Será de agora em diante frente tua companheira. Apresento agora aqui , Jarla , tua mãe.
[Pedro sai furioso com o filho. F continua]
F- A conheci nas terras de meu pai. As pessoas lá são tratadas como escravos. Isso é muito triste...
M [pegando em Foli]- Não , aqui nesta casa era serás tratada como uma filha e não como uma serva.
Necessitas de um lar e muito carinho , e é isso que estamos dispostos a te dar!
[F a abraçou e depois Ja. Foli ainda meio cabreira com medo do que aconteceria com ela.]
M- Não fique assim , confie na gente e serás tratada como nossa filha.
[Os quatro se abraçaram demoradamente.]
IA1- Fco continuou sua andança e voltou as terras de seu pai onde encontra um feitor com quem teve uma
longa conversa.
IA2- O feitor lhe falava de como seu pai o tratava e da maneira que castigava os servos por causa das
grosserias de seu pai.
IA1- Fco o ouviu e depois retrucou-lhe algumas palavras que deixaram Gustavo , seu servo , admirado.
IA2- Pedro Bernardone que ouviu a conversa toda , prometeu que depois acertaria as contas com seu feitor.
[Pedro entra no palco e depois de um tempo F entra atrás.]
F- Boa tarde papai.
P- Nada bem. Queria conversar e saber sobre tuas intenções, já que não tens interesse mais no comércio e não
pára de conversar com servos e capatazes. Peço que te afastes dessas pessoas porque são imundos e estão aqui
para nos servir. A maneira como tratas Jarla não me agrada. [Pausa]. Ouvi tua conversa com Gustavo , o
feitor, e já tomei providências quanto a ele.
[F ameaça levantar com o intuito de retrucar seu pai mas sentou-se de novo. Pedro continua]
P- Espero de ti a obediência , senão...terei que usar a violência. Espero também que mudes a maneira de
tratar os servos senão...terei que usar a força.
F- Papai , sei que sou jovem mas, cumpro aqui um dever e sei que vou encontrar muitas dificuldades. Se for
preciso sair de casa , eu o farei!...Os laços de família são sagrados mas, os da Verdade são muito mais. Somos
aqui agora dois homens conversando. Não posso ditar o seu modo de viver mas também não posso aceitar que
interfira no meu modo de viver. Sou livre! [pausa]. Conversei com Basílio que amanheceu morto na
estrebaria , talvez morto de fome e frio. Não desejo que libertes os servos , apenas que os trates como seres
humanos...
P- Cala-te!...Senão [ameaça avançar no rapaz].
F- Sim. Me calo porque já terminei.
[Pedro bate na cara de F várias vezes. E sai do palco. F sai depois.]
CENA 4
IA1- Depois daquela conversa , Fco resolveu alistar-se na cavalaria para o sofrimento de sua mãe e Jarla.
IA2- Pedro , quando ficou sabendo quase foi pedir perdão ao seu filho , mas seu orgulho não o deixava.
IA1- Foi lá , que Fco conheceu Shaolin com quem teve uma grande afeição e tornou-se grandes amigos.
IA2- Fco foi mantido preso por um certo tempo e voltou para casa pálido , desfalecido.
IA1- Refeito novamente , pensou em se alistar nas Cruzadas mas viu que aquilo tudo não era seu caminho.
IA2 – Depois de totalmente desprendido das coisas materiais.
IA1 – Francisco começa sua missão.
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IA2 – E a enfrentar todas as dificuldades e alegrias.
[Saem a cantar e entra Francisco].
F– Senhor, meu Deus, guia os meus passos, me ajude a entender os meus anseios e me diz como divulgar o
seu amor.
[pega no sono e começa a ouvir a voz da verdade]
VV – Francisco... Francisco...
F – É você novamente, como fico feliz em lhe ouvir.
VV – Eu também fico muito feliz Francisco. Mas o que lhe aflige?
F – Não sei como ensinar a todos a lei do amor.
VV – Basta ser você mesmo, Francisco.
F – Mas acho que isso não é o suficiente, sinto que posso e tenho que fazer muito mais.
VV – Então porque não começa reconstruindo a minha igreja.
F – Reconstruir a igreja...
VV – Sim, Francisco, reconstrói a minha igreja... reconstrói a minha igreja... reconstrói a minha igreja.
[Francisco desperta com tamanha alegria vai até a pequena igreja de São Damião, e percebe que antes de
começar a ensinar a Lei de Amor de Jesus precisaria reformar a igreja, e no dia seguinte começa o seu
trabalho pedindo de porta em porta]
F – [bate na porta] Bom dia, nobre senhora.
S1 – Bom dia, [ assustada, pois logo reconhece ser o filho do Sr. Pedro Bernardone ] no que posso ajudar?
F – Eu recebi um aviso do céu através de um sonho pedindo-me para reconstruir a igreja, e gostaria de saber
se a senhora não poderia ajudar.
S1 – Sim, eu adoraria, mas com o quê?
F – Qualquer coisa, [a senhora sai e volta com um saco de moedas... após receber a ajuda] muito
abrigado.
[A senhora o reconhecendo corre para a casa de uma amiga para comunicar o ocorrido. Bate palma e a
senhora 2 atende.]
S2 – Mas... o que houve? porque estás com essa cara de espanto?
S1 – Quando eu lhe contar também vais ficar assim.
S2 – Fale logo, já estou curiosa.
S1 – Conheces o filho do senhor Pedro Bernardone?
S2 – Sim, eu o vi algumas vezes, e daí?
S1 – Acabou de bater na minha porta... para pedir esmolas!!!
S2 – [começa a sorrir] Sim, o filho do senhor Bernardone, claro e o Papa está aqui na minha... eu tenho mais o
que fazer!
S1 – Eu não estou brincando.
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S2 – E queres que eu acredite que o filho do homem mais rico desta região esteve na tua humilde casa, e
pediu-te esmolas?
S1 – Ele estava mal vestido e não falava coisa com coisa, dizia algo sobre ter recebido um aviso dos céus, e
me pediu ajuda para reconstruir a pequena igreja de São Damião.
S2 – Eu não posso acreditar.
S1 – Mas acredite, eu estou dizendo a verdade, e podes ver com os teus próprios olhos.
[mostra à amiga, Francisco pedindo ajuda em uma outra casa.]
S2 – Pobre diabo!!! Ah! Eu sempre soube... ele não era muito certo da cabeça. Dizem que ficava horas
conversando com os escravos do pai...
S1 – IIIhhhh! não sabes da maior... dizem que ele beijava as mãos dos infelizes... um horror!!!
S2 – Precisamos avisar o senhor Bernardone, o mais rápido possível, vamos.
S1 – Ele pode até nós recompensar!!!
S2 – Mais é melhor nos apressarmos... antes que outra pessoa o avise.
[Batem na porta do senhor Bernardone e pedem para falar com ele.]
P – O que é que precisais?
S2 – Eu e minha amiga viemos até tua casa por causa da grande consideração que temos pelo Senhor.
P – Fale logo, não tenho tempo a perder.
S1- Ah! Uma desgraça, Meu senhor!
P – Fala logo criatura, tenho muito que fazer...
S1 - É... que... [as duas se entreolham... uma cutuca a que vai falar] é que o teu filho esta pedindo
esmolas!!!
P – [completamente transtornado] O quêê!?! Eu não posso acreditar. A senhora tem certeza?
S2 – Eu também vi!
S1 – E não é só isso.
S2 – Ele anda dizendo que recebeu um aviso dos céus para reconstruir a igreja de São Damião.
P – [Pedro passa as mão na cabeça, anda de um lado para o outro pega dinheiro no bolso, caminha na
direção das mulheres, elas sorriem... ele se aproxima olha para elas, para o dinheiro... e o recoloca no
bolso] Muito obrigado senhoras, eu nunca esquecerei o que fizeram.[grita um dos seus escravos] Nestor!
Junte mais uns dois, vá até a praça e traga o meu filho aqui de qualquer jeito e rápido!!!.
[Os escravos saem Pedro fica andando de uma lado para o outro, falando sozinho]
[Os escravos foram até a praça, encontraram Francisco pedindo ajuda... em um momento de distração o
imobilizaram e levaram à presença do senhor Bernardone que fala após retirar-lhe o capuz].
P – Você me surpreende a cada dia, [muito nervoso] mas desta vez o senhor extrapolou, pedir esmola na rua
é vergonha demais!!!
F – Desculpe-me papai, a intenção não era envergonhá-lo, e sim cumprir a missão a mim confiada.
P – Cale a boca, tua missão é ser um bom filho e cuidar dos negócios, do nome e da reputação de teu pai e dos
familiares.
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F – Eu lhe perdôo meu pai, pois o senhor ainda não sabe o que fala, e sou grato por tudo que o senhor fez por
mim, mas eu tenho que trabalhar é pelo Senhor Jesus Cristo.
P – [completamente descontrolado o agride] Tu deves estar louco, ficará preso aqui até virar um homem
honrado... a pão e água.[ao sair grita sua esposa e jarla] Fiquem felizes, conseguiram estragar o menino
com tantos mimos. Ele está preso a pão e água até eu voltar de minha viagem, e vai se ver comigo quem
desobedecer as minha ordens!!!
[Congela a cena F preso. ]
FIM DO SEGUNDO DIA
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III ATO
CENA 1
[alguns dias depois...]
M – Jarla me acompanhe, eu não agüento mais.
J – Mas o que a senhora vai fazer?
M – Não posso vez meu filho nesta agonia, vou soltá-lo.
F – Minha mãe, não desobedeça o papai.
M – Eu nunca o desobedeci, mas desta vez ele foi longe demais.[e solta o filho] Tua missão é muito
importante para a humanidade, sentirei muito tua falta... mas vá.
F – Eu estarei sempre convosco no meu coração.
M – Eu também meu filho! e vou rezar muito por ti... agora vá. [eles se abraçam e choram, depois ele se
despede delas e sai]
[No dia seguinte na praça Francisco recomeça os seus trabalhos e vendo a casa de um Padre decide pedirlhe
ajuda.]
F – [Bate no portão] Bom dia, Padre.
PD – Bom dia, no que posso ajudá-lo?
F – Vejo várias pedras trabalhadas em tua casa e gostaria de pedí-las para utilizá-las na restauração da igreja.
PD – Não, eu não posso lhe dar essas pedras e além do mais não sei se o senhor tem ordens para tal
restauração.
F – Desculpe-me Padre, mais senti a necessidade de fazer algo de bom e achei que reconstruir a casa de Deus
seria um bom começo. E quanto às pedras, se não pode me dar, eu posso comprá-las.
[Após combinarem o preço, Francisco se despediu e saiu. Francisco continuou seus trabalhos e cada dia
adquiria mais adeptos, depois de conseguir a quantia voltou a casa do padre para pagá-lo.]
PD- Tu novamente! Que queres desta vez?
F – Pagar o que te devo, senhor. E pedir-lhe que não fiqueis aborrecido comigo, porque acima de tudo sei que
somente damos aquilo que podemos dar. Que Deus te abençoe, que Jesus guarde o teu coração da influência
do mal, que a nossa Mãe Maria Santíssima guie os teus sentimentos, e que jamais faltem ao teu redor, os
Anjos de Deus, a te inspirarem acerca das coisas certas. [lhe entrega o dinheiro]
PD – [maravilhado com as palavras de Francisco, estende a mão para pegar o dinheiro, e ao pegá-lo
sente suas mãos esquentarem] O que está acontecendo?
F – [Francisco que estava se retirando volta preocupado] O que foi?
PD – As minhas mãos estão queimando.
F – Calma [e toca nas mãos dele].
PD – Mas o que houve? Tu me curaste com um toque.[completamente transformado] Senhor Francisco
estou tão arrependido de dar valor às coisas materiais e ter me esquecido dos meus deveres como homem de
Deus.
F – Nunca é tarde para recomeçar.
PD – O senhor tem razão, quero ajudá-lo a reconstruir a igreja, claro... se o senhor me permitir?
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F – Mas é claro que sim, vamos.
[já na igreja, Francisco fica pensativo e um franciscano se aproxima]
F1 – No que estais pensando, Senhor?
F – Falaste-me algo que me deixou pensativo.
F1 – E o que foi?
F – Perguntou se eu tinha autorização para reformar a igreja, não que eu precise da autorização do
representante da igreja para tal, pois já tenho a de Deus.
F1 – Então o que lhe aflige?
F – Apesar de não precisar de autorização, quero informar ao representante da igreja o que penso e o que
estou fazendo pela nossa amada igreja.
F1 – E o que o senhor pretende fazer?
F – Chame os outros, iremos a Roma amanhã mesmo, preciso falar com o Papa.
[em Roma]
F – Madre Superiora, podeis nos dar um minuto de tua atenção?
MS – [vendo como estavam trajados] No que posso ajudá-los?
F – Gostaríamos de conversar com vossa Santidade, o Papa Inocêncio III.
MS – Vós e mais um milhão de pessoas[sorri cinicamente].
F – O que temos para falar-lhe é muito importante.
MS – Todos tem coisas importantes para falar com Vossa Santidade, mas hoje é impossível, voltem outro dia.
F – Com certeza senhora, voltaremos outro dia.
CENA 2
[Cura da filha de José Maria, eles voltam para a estalagem]
JM – Pela rapidez de vosso retorno, presumo que não fostes recebido pelo Sumo Pontífice.
F- Certamente, ele se encontra por demais ocupado, mas confiamos que a vontade de Deus Nosso Pai será
feita.
JM - Estimado senhor, o nosso respeito...Se for graça de Deus, quero falar-te algo, que faz meu coração
descompassar de vez em quando.
F – Fala meu irmão, fala!
JM – Senhor Francisco, tenho uma filha a quem amo muito. A princípio, ela foi quase desprezada pela minha
esposa, não sei bem por que motivo. Só sei que ela é a minha própria vida e que, de três anos para cá,
começou a apresentar umas escamas em todo o corpo. Essas escamas caem com o tempo, ficando em seu
lugar ferimentos, cujas secreções são intoleráveis e ninguém suporta o mau odor. Os outros irmãos a
desprezaram igualmente, e ela vive hoje lá nos fundos, em um cômodo que fizemos para ela. Tem uma criada
lá que a vigia dia e noite e eu durmo lá por amor a ela. Uma coisa dentro de mim me faz pedir-te para
abençoá-la, e se possível, levar-lhe a tua palavra consoladora. Quem sabe poderá devolver a alegria e a
esperança ao seu coração sofredor?
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[A iluminação no palco se torna mais escura dando a impressão de um quarto escuro, enquanto isso lá
dentro é colocada uma cama com Afrânia, a doente, e são abertas as cortinas. Francisco e José Maria
entram no palco e Francisco a ouvir a voz novamente]
VV – Francisco! Francisco! Começa hoje agora, a tua missão de erguer a minha Igreja, fazendo lembrar o que
eu fiz. O que vai fazer agora é fruto do que vives, pios as curas são, ante os homens, as melhores testemunhas
de que estás comigo.
[Francisco impõe as mãos sobre a doente e ela se recupera. Os pais da moça choram aos pés de Francisco
que se abraça com a menina, agradecendo a Deus.Voltam para falar com a Madre Superiora]
F – Boníssima Madre, esta é a 4 vez que venho e não consigo falar com vossa Santidade; reconheço que é
uma pessoa muito ocupada, e como já não posso mais permanecer na cidade peço que por favor entregue a
Ele esta carta, serei eternamente grato.
[E a carta foi entregue e lida em uma reunião com o Papa e seus cardeais]
Carta: “Sabemos que o tempo de Vossa Santidade é precioso, na vigilância da igreja que Nosso Senhor Jesus
Cristo dirige por vossas mãos. Não podemos mais teimar; no entanto, queremos que a vossa iluminada
percepção observe que pretendemos basear os princípios da nossa comunidade onde o Evangelho de nosso
Senhor Jesus Cristo possa evidenciar-se, como um tesouro dos céus entregue às criaturas da terra, como
herança divina para a paz de todos os povos.
Respeitamos muito a nossa Igreja pelo que ela é e pelo que tem feito em favor da coletividade; todavia,
existem no seio da nossa amada religião desvios que o coração em Cristo não pode suportar. O ouro
acumulado gera guerras e as guerras pedem mais ouro. Das guerras e do ouro gera-se um filho destruidor dos
povos, que se chama egoísmo; deste nascem a prepotência e a perseguição. E onde fica o Cristo, nesse
ambiente de revolta? E quem tem coragem de pregar o Evangelho nessa atmosfera de contradições?
Com toda humildade, pediria a Vossa Santidade e aos eminentes cardeais que vos assistem, que atentásseis
para o que quero expressar nesta carta, e que me perdoeis, se eu estiver errado ou falando o que não devo.
Não sou eu, que nada tenho para ensinar, principalmente à Vossa Santidade, quem escreve os ensinamentos
que se seguem. São extraídos do Evangelho e servem de base para as nossas regras, que pretendemos seguir
letra por letra:”
C1 – Este Francisco é um abusado, querer nos dizer o que fazer.
C2 – Se me permite dizer, Vossa Santidade, concordo com Francisco, há tempos que nossa amada igreja tem
tomado caminhos opostos ao ensinado e exemplificado por Jesus Cristo.
C1 – Você concorda com esse louco?! não acredito no que estou ouvindo.
C2 – Eu também acho este Francisco um lunático, com essa idéias de humildade excessiva, temos que zelar
sim pelo patrimônio de nossa igreja.
[começam a discutir, o Papa fala]
PA – Parem com essa discussão e chamem este Francisco, quero conversar com ele.
[algum tempo depois chega Francisco e seus Franciscanos].
F – [Beija a mão do Papa e todos fazem o mesmo] Estou muito agradecido a Deus por essa
oportunidade.[os franciscanos são convidados para um passeio no jardim]
PA – Li a tua carta e devo admitir que és um conhecedor do Evangelho, mas gostaria de saber um pouco mais
sobre os teus trabalhos.
F – “ Santo padre!.. Não pretendo enganar-vos sobre o meu destino. Prefiro ser recusado pelo vosso sensível
coração, a mentir para Vossa Santidade!.. Mas devo dizer-vos que tenho uma missão, que foi delineada por
Jesus de pautar a minha vida, e quem me acompanhe, a vivermos a existência retamente. Nós, primeiramente,
partimos para o desprendimento das coisas materiais, sufocando em nossa alma o egoísmo. Não que os bens
terrenos em si ofendam, mas porque os homens ainda não aprenderam a usá-los.
O Evangelho está sendo escondido há mais de mil anos, e chegou, pelo que sinto, a hora de colocá-lo em cima
da mesa, porque é luz que espanta as trevas; o sol de todas as nossas vidas, é a segurança de todas as criaturas,
é a esperança dos céus a convidar os homens para o reino de Deus”.
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PA – “ Irmão Francisco!.. Tudo isso que ouvimos alinham-se perfeitamente com os conceitos de Jesus Cristo,
mas são regras impraticáveis para a falange de obreiros que sustentam o mundo Católico. Temos um pacto
com o Estado que nos garantiu e não nos deixou cair nas garras dos perseguidores. A nossa consciência
aprova no terreno da teoria, mas para viver, o que falas... Sinto que os céus me pressionam a aceitar as tuas
idéias, que reconheço serem nobres, não obstante, esse mesmo céu deixa-me à vontade, para decidir se devo
ou não aceitá-las, colocando-me no lugar de juiz, com as responsabilidades daquilo que devo decidir.
Prepara, meu filho, as regras que queres. Envia para nós, que darei o veredito e ficarás livre, mas sempre com
a nossa vigilância e a nossa proteção. Vai... vai... Francisco e prega o Evangelho que pretendes; Que Deus te
abençoe.”
[Francisco se despede do Papa e sai com seus companheiros]
F2 – Pai Francisco... Como foi a conversa?
F – Muito proveitosa.
F1 – E o que faremos agora?
F – Voltaremos para Assis e continuaremos os nossos trabalhos.
O pessoal vai para o bosque, deverão tocar umas cinco músicas – até chegar lá.
CENA 3
AS CURAS
[Os irmãos alegria anunciam as curas]
[Certo dia, Frei 1 e Frei 2 foram visitar os enfermos e conversar com eles, acerca da bondade de Deus e da
misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo. Acontece que um deles, começou a blasfemar contra Deus,
Cristo e contra eles mesmos, por estarem somente conversando e ele, cada vez mais doente e relegado ao
abandono. ]
TA – É porque essa doença não é em vós!
F2 – Foi nosso Pai Francisco que nos mandou vê-los e enviou a bênção para todos que aqui estão.
TA – Esse Pai Francisco fica de longe nos mandando bênçãos. Dispenso as suas bênçãos; elas para mim de
nada servem, pois cada vez que vindes aqui, fico mais revoltado e com a mesma doença. Dispenso o consolo
de homens como vós que parecem mais miseráveis do que nós; se tivésseis alguma coisa para dar, não viríeis
aqui.
[Enquanto o homem xingava, eles pegaram o doente]
F1– Vamos, irmão, levar esse doente para o verdadeiro médico, que ficou mais ou menos longe.
[Francisco preocupado, balançava a cabeça negativamente]
F – Fizeram muito mal em trazê-lo....
[Os frades estavam saindo quando...]
F– Perdoem-me meus filhos!... O que fiz?! meu coração não deseja que seja assim!
[Francisco descobriu-lhe o rosto e o beijou... e os dois choraram]
[Poderíamos ver Jesus tomar as mãos de Francisco]
F – Se for do Teu agrado que essa enfermidade passe para mim, beijarei as tuas mãos pela misericórdia de
poder pagar a minha falta para com esse homem de Deus, que devo respeitar.
[Francisco assentado medita e observa a natureza... silêncio... e de repente... ele fala...]
F – Vendo a obra, vejo Deus; sentindo Deus, sou Amor.
Oh!... Quantas coisas se escondem de mim, de vós, de todos, filhos do Criador.
Sinto-me nada, ante a grandeza do universo; sinto-me verme, pelas belezas que desconhece meu coração.
Deus tem filhos no mar, nas estrelas, no ar; Deus tem filhos nas árvores na terra. Deus tem filhos até nas
guerras.
Que beleza a função da natureza!...
Vejo a luz surgir no escuro, vejo a vida perfeita nos monturos; vejo o céu nas águas do mar, vejo e sinto o
Amor no amar.
Quando descanso, a natureza trabalha; quando durmo, a natureza trabalha; quando trabalho, a natureza
trabalha;
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Quem eu sou?... Nada, diante desta batalha.
Deus é Deus dos justos, Deus é Deus dos párias, Deus é Deus dos que viajam, Deus é Deus dos que ficam em
casa!....
Deus é Deus das sombras, Deus é Deus da luz, Deus é Deus das trevas, Deus é Deus de Jesus!...
Quando estou cansado, Deus está ocupado; quando estou reclamando, Deus está obrando.
Quando blasfemo, Deus está entendendo; quando tenho ódio, Deus está amando. Quando estou triste, Deus
está sorrindo. Deus é sabedoria e eu estou sonhando!...
Que beleza a natureza!...
Que beleza a profundeza da existência, e do existir.
Eu não compreendo, mas luto para me corrigir; porém, em frações do tempo, logo quero ajuntar e Deus
repartir. Quero colher, quero usurar; e Deus passa por mim a semear!...
Luto de novo, mas ainda não sei lutar; penso na disciplina, mas não me deixo disciplinar. Avanço... Caio!
Torno a avançar. E Deus me ouve, passa novamente por mim, olha para os meus olhos, sente o meu coração.
E fala baixinho em meu ouvido: Vem, vou te ensinar a amar.
Deus Se retira!... Sinto Sua ausência!... Peço clemência! Mesmo assim, Deus não Se esquece de mim.
Manda um Anjo em meu encalço, num carro fulgurante de luz. E de braços abertos, caio por terra; pensei que
era o Cristo de Deus, que era Jesus!
E o cortejo dos céus entra em mim, em cântico de louvor.
Abre o meu coração, deixando dentro dele um tesouro de luz!...
O tesouro da dor.
[Francisco acaricia o doente, os outros cantam, luzes sobre o doente, Tanalli levanta-se e cai de joelhos
beijando os pés de Francisco... abriu os braços aos céus...]
TA – Senhor, sei que existes! Faze de mim o que quiseres que eu seja!
CENA 4
O ENCONTRO COM CLARA
[Clara chega no ambiente, um culto, um dos irmãos conduz Francisco para a tribuna]
F: Minhas irmãs, meus irmãos em Jesus!... Que Deus nos abençoe e ilumine a todos e que nossa Mãe Maria
Santíssima nos proteja sempre. Quero iniciar minha fala, citando passagem evangélica:
À noite, sobreveio a Paulo uma visão, na qual um varão macedônio estava em pé e lhe rogava, dizendo: Passa
à Macedônia e ajuda-nos.
Digo-vos, com todas as forças de minh’alma, que eu também ouvi, não por merecimento, mas por
misericórdia; não por ser agraciado, mas por compaixão de Deus; não por fazer nada de bom à coletividade,
mas por ser o mais necessitado dos homens. Ouvi, meus irmãos, muitas vozes a me dizerem:
- Francisco, venha pregar com os seus companheiros em minha terra! Recebi pedido para pregar em muitos
lugares e esperamos visitá-los em nome de Deus, sob as bençãos de Jesus Cristo.
-
IA1 – [lendo o Evangelho para a platéia] Não te faças negligente para com o dom que há em ti.
F – Vamos impor as mãos nos enfermos, pedindo a Deus para eles, a cura. Vamos impor as mãos nos
endemoniados, para libertá-los das angústias. Vamos impor as mãos sobre os encarcerados, para que eles
melhorem os corações e sobre os infortunados, para aliviar os seus fardos. É do agrado de Jesus Cristo que
nos confraternizemos uns com os outros, amando os nossos semelhantes como a nós mesmos e amando
igualmente a Deus.
F – Vamos amar! Temos de amar constantemente, sem nada exigir, para ver se comovemos os políticos, os
teóricos religiosos e os ociosos da ciência, no que tange aos direitos humanos, ao nivelamento das criaturas de
Deus. Meus filhos, amamos a pobreza fielmente, mas não a inércia; amamos a pobreza, mas não a miséria
nem a sujeira; amamos a pobreza, mas não a ignorância...
F - Devemos renunciar ao que sobra, repartir o que temos, doar o que vem a nossas mãos para os que sofrem
e padecem em todos os rumos, para que Deus, no amanhã, nos coloque no paraíso, onde nada nos faltará,
porque aprendemos a lição de Amor.
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F - O que vale decorarmos orações e mais orações neste templo de Deus, se ao saírmos daqui não toleramos
uma pisada no pé, uma agressão inimiga, um insulto dos que nos odeiam, um marido nervoso ou uma mulher
desajustada, um filho depravado ou um parente que não nos tolera? Viemos aqui, meus filhos, para buscar
forças, no sentido de restabelecer em nós a tranquilidade diante de todos os infortúnios, e vencer todos os
obstáculos.
[Música, Francisco e Clara se entreolham... música tranquila, luz azul, eles se entreolham, os outros
personagens se abaixam no palco, ficando somente os dois.... luzes vermelhas... ele estica as mãos na
direção dela... as luzes se apagam... sons de trovões.... os espíritos se aproximam deles... ele caminha
vacilante na direção de Clara... Congela a cena]
FIM DO TERCEIRO DIA
19
IV ATO
CENA 1
[de repente.... volta-se e cai de joelhos... os braços abertos... os espíritos da tentação se afastam... a música
termina... ele no palco com os braços abertos de frente para o público... ela se ajoelha e ora...]
Pedimos-Te a Paz, Senhor, mas que ela não nos venha na feição da preguiça.
Pedimos-Te a Luz, mas não permitas, Senhor, que ela nos leve a cruzar os braços no conforto das claridades.
Pedimos-Te, Senhor, que nos ajudeis a perdoar, sem nos afastar daqueles que, por vezes, nos ofenderam.
Pedimos-Te, Grande Força do Universo, Amor, mas muito amor, sem que ele exija nada de ninguém.
Pedimos-Te, Senhor, que nos dê o pão de cada dia, sem que esse pão nos leve ao egoísmo, e que possamos
repartí-lo com os que têm fome.
Pedimos-Te, Senhor consolação, porém, que nos ajudeis também a consolar os tristes e os desesperados, todos
os dias.
Pedimos-Te, meu Deus, Deus nosso, que a saúde se instale em nós, mas que não nos esqueçamos de ajudar os
enfermos.
Pedimos-Te, Senhor, o teto, mas, ajuda-nos a abrir as nossas portas aos desabrigados.
Pedimos-Te a Tua companhia permanente, todavia, ajuda-nos a acompanhar os deserdados, os órfãos, os
atormentados os viciados, os criminosos, os leprosos, os famintos da Tua Luz, porque sabemos que, sem esse
convívio, de nada nos valerá pedir-Te o que almejamos.
[Clara busca Francisco..., Francisco em prece, Clara se aproxima]
F – Clara!... O ideal do homem e da mulher no mundo é formar um lar, e esse lar, é por assim dizer, uma
semente de Deus, que garante a continuidade das criaturas humanas. Isso é maravilhoso, é mesmo divino;
entretanto, minha filha, existem aquelas pessoas que vieram ao mundo para servir, como no nosso caso, e a
sua família se chama humanidade.
F –Clara! Sinto que a tua vida se entrelaça na minha em altos sentidos, que o próprio coração tenta esconder,
para que não saia das necessidades humanas. O teu olhar na igreja de São Rufino, escreveu algo em meu
coração, que nunca poderei esquecer, fazendo-me lembrar de coisas que não são deste mundo. Nós nos
conhecemos há muito... muito tempo.... Mulheres nos procuram, querendo participar deste movimento de
Cristo; entretanto, quanto a isso temos silenciado, esperando por alguém que possa dirigí-las, com a presença
de Jesus. E agora sinto que este alguém és tu.
CL – Francisco!... Nunca pensei que existisse tamanha felicidade quanto a que senti dentro da igreja de São
Rufino, quando te vi, envolvido na candura que te é própria, senti coisas estranhas referentes à Tua pessoa,
desde o impulso mais grosseiro a que o corpo se faz unir, até o amor mais puro que o coração em Cristo pede
que seja sentido.
Renunciarei a tudo, para que tudo possa me servir de escola, a ensinar-me as primeiras letras da vida, em
Deus e em Cristo. Sinto pesar em meus ombros o peso que me deste, quando me revelaste a missão que
deverei cumprir; mas peço-te, ajuda-me, porque me sinto como uma folha ao vento, dotada de coragem e
disposição, mas sem condições de me assentar com segurança nas bases em que devo me apoiar e prosseguir.
CL – Francisco, de agora em diante, podes ser o meu pai espiritual, porque a confiança que tenho em ti parece
ser antiga, não obedecendo ao tempo, nem à distância, se assim posso dizer.
[Francisco e Clara se despedem.... Francisco sai cantando...]
F – As pedras do Senhor estão no mundo; basta ajuntá-las, para construir a grande casa de Deus.
CENA 2
A louca de Áquila
F1 – Irmão Francisco, está aqui uma pessoa que pelo seu desequilíbrio mental anda sem parar, numa
inquietação incontrolável. O povo diz que está possessa pelo diabo. Mas hoje, irmão Francisco, todos estão
intrigados porque desde que iniciou-se a tua palestra está como que hipnotizada, tranquila e seus familiares
estão pedindo para que o Senhor a atenda.
F – Mas... onde está ela?!?
[ e a mulher se atira aos pés de Francisco beijando-lhe o manto]
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F – Olá meus filhos... que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja em teus corações!!! Meu filho, liberte-se
e liberte o sua irmã, vá em paz... nos braços destes irmãos da Natureza e que lhe são mais caros. Eles saberão
compreender-te e as tuas necessidades, abençoe-te Nossa Mãe Maria Santíssima. Levanta-te, minha filha, o
Amor de Jesus te libertou e libertou também teu irmão que caminhava contigo.
[a mulher chora aos pés de Francisco, se levanta e começa a lhe falar]
LO – És para mim um pai, Pai Francisco, nem sei há quanto tempo tenho sido escrava de uma vontade que eu
não podia controlar. Ela me obrigava a coisas terríveis, derrubava casas, matava animais e me obrigava a
comê-los.... e dormia no tempo, quando eu dormia... Ah!... Minha família... [e chorou de saudades]
F – Chora, que as lágrimas têm o condão de estabelecer a paz. Vamos pensar em Deus e conhecer Cristo,
porque os Anjos não nos abandonam. Vamos nos lembrar da nossa Mãe Maria Santíssima, que ela nunca se
esquece dos sofredores, dentre os quais eu devo ser o mais necessitado. Peço-te que deixes que sejamos teus
amigos, que possamos te amar, mesmo na qualidade de viajantes sem residência certa, sem os devidos
recursos materiais para te ajudar. Façamos de todos um, para que o Cristo se sirva de nós na obra que Lhe
convier, em favor da Paz.
[Tanalli de joelhos]
TA – Senhor, se me fosse concedido receber algo de Tuas mãos santas e sábias; se me fosse concedido pedir-
Te alguma coisa como prêmio para meu coração; se eu pudesse escolher um caminho de livre e espontânea
vontade, eu Te pediria que beijasse, outra vez, o meu corpo, como o fizeste antes, com as chagas da lepra e
seria o homem mais feliz da Terra, porque agora, somente ela poderá arrancar do meu coração, o orgulho e a
violência que carrego comigo, de eras incontáveis.
[Ele adormece... Um Espírito o cobre novamente com os mantos rasgados...]
CENA 3
Francisco no Monte Alverne
F – Irmão Leão, Frei Masseu, vamos ao Monte Alverne, meus filhos...
[Caminharam cantando até que pediu para parar e se afastou dos companheiros]
F – Cristo!... Cristo!... Cristo!... Se for a hora, deixa por misericórdia as flores das Tuas chagas florirem em
mim, pobre pecador, que tenta Te seguir e que terá a maior alegria com os vínculos de Esperança. Os
estigmas, para Teu servo, Jesus, serão como as portas dos Céus, que nos abriste na consciência e que devo
conquistar.
[Novo silêncio, os frades se entreolham até que ouvem um grito]
F – Fere-me! Fere-me! Crucifica-me! Crucifica-me meu Senhor! Não me poupes! Oh! Irmã dor! Oh! Irmã
dor!
[E Francisco desmaiou... os irmãos o levam]
[Clara está sentada ao lado de Francisco e ele desperta...]
F – Irmã Clara... Muito me honras com a tua presença... quantas horas irmã Clara...
CL – Meio dia, meu pai.
F – Meio dia... irmão sol...
[Francisco sentindo muitas dores...]
F – Irmã dor!!! Irmã dor!!! Seja benigna!!! Eu a amo tanto irmã dor!!! Seja compadecida...
F1 – Pai Francisco, por amor a Jesus, precisas descansar. Por favor, nos ouça, é preciso que cuideis de teus
olhos, tua enfermidade está se agravando...
F – Ora, meu filho, no que poderei ajudar?!? Dizei-me e terei toda a felicidade em vos auxiliar...
F1 – Meu Pai, ninguém mais neste mundo é testemunha de tua fé em Nosso Pai de Amor, todavia teus olhos
necessitam de cuidados, sabes, com certeza, melhor que qualquer um de nós aqui, da gravidade de tua doença,
o Cardeal Hugolino lhe manda pedir para que aceites que nosso irmão médico lhe aplique algum remédio nos
olhos...
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F – Meus filhos, sei que tudo que nos acontece é pela vontade de Deus Nosso Pai, através de Seu filho, o
Nosso Jesus; mas é claro, se o amor de Deus nos cura a alma é muito justo que aceitemos, com muito respeito
o amparo de Seus operários no mundo, eu o esperarei...
F1 – Graças a Deus!!! Depressa tragam o médico!!!
[Chega o médico, este o examina e Francisco lhe pergunta]
F – Meu filho, Deus vos abençoe pelo teu amor a mim dispensado!!! Em que posso lhe ajudar?
ME – Senhor Francisco, contraíste tracoma, e lhe falo diretamente porque muito já ouvi dizer de tua fé em
Deus... Teremos que queimar-lhe os olhos...
F – Oh! Irmão Sol... gostaria de despedir-me de ti... Quanta beleza há no mundo para se ver... Mas se assim
é... é porque Deus nosso Pai assim o quer!
[Eles esquentam um ferro em brasa, alguns franciscanos se afastam a pequena distância... Francisco se
ajoelha e ora]
F – Irmão fogo!!! Sê bem-vindo, irmão fogo!... Peço-te em nome de Deus e Jesus Cristo, para que não me
queimes com toda a tua pujança, que reduz todos os corpos! Seja gentil com quem lhe ama tanto! Peço-te
caridade para comigo, neste instante em que preciso de teu auxílio, da tua ajuda.
Não me queimes o tanto quanto eu tenho a impressão. Sei que, por onde passas, somente ficam cinzas, e que
tudo se reduz a pó. Peço-te um pouco de brandura, em se tratando de meus olhos. Compadece-te de mim,
Irmão fogo! Compadece-te de mim, e peço a Deus que te abençoe sempre!
[Eles o queimaram, ouviram um gritos de dor, quando ouve silêncio e os irmãos voltaram, ele lhes disse]
F – Não doeu...
[Eles colocaram um pano sobre os seus olhos]
CENA 4
Francisco fala com Clara
CL – Meu pai, tende compaixão de nossas irmãs, fala aos nossos corações que estão aflitos por ti.
[Francisco é levado até o grupo de irmãs, pede ao irmão Cordeirinho para erguê-lo, sorri e lhes fala... elas
choram...]
F – Porque chorais minhas ovelhinhas? Porque me vou para o paraíso? Vós estais triste? Porque eu vou para o
paraíso? Não choreis... [música]Oh! Irmã morte!... Que vos alegreis! Vós sois as damas da pobreza e quem é
pobre não pode ser triste porque não tem nada a perder só tem porque sorrir. Jesus, Mestre de Amor, sinto que
está prestes a minha ida para os campos espirituais, onde a realidade se expressa em fulgurações
indescritíveis, e sinto-me feliz em pensar nisso. Porém, quero permanecer no solo do mundo, junto àqueles
que me deram muita segurança e alegria, as ovelhas que me confiaste e que estão espalhadas no mundo todo.
Observo que elas trabalham mais do que eu e amam mais do eu posso amar; sei que elas perdoam mais do que
eu, e entendem a caridade mais do que este que nada é diante deles.
[Clara chora]
CL – Como ficaremos nós, meu pai, quando te fores, nós ficaremos órfãs...
F – E o irmão sol? E a irmã chuva? E a irmã lua? Nosso Pai nunca nos deixa órfãos.
CL – Tenho para ti um presente... [ um par de sandálias, um pequeno travesseiro e algumas flores] Adeus,
Meu Pai... até o encontro na eternidade.
F – Adeus, minha filha, eu te esperarei lá.
[Francisco pediu para ser colocado no chão, os irmão menores se aproximaram]
F – A Irmã morte está chegando, seja bem vinda irmã morte!, A irmã morte está se acercando-se Oh!
Como eu vos bendigo irmã morte!
[E O SOL DE ASSIS ENTROU EM CREPÚSCULO... luz alaranjada diminui gradativamente, música
aumenta]

segunda-feira

Um dia especial




Bom esse foi um dia muito especial ,pois o filhão concluiu o curso TECNICO EM INFORMATICA DE INTERNET  fiquei muito emocionado confesso até a pouco e sabe que é tão bom e sincero que não pude esconder tamanha emoção ,sei que não foi facil ,e algumas vezes ele pensou em desistir e vendo concluir esse inicio de jornada ja sinto-me bastante feliz pois a semente foi lançada e agora vem os cuidados a dedicação ,o amor em tudo que faça ,para que produza frutos de boa qualidade .Agradeço a DEUS por permitir viver experiência tão gratificante como essa.Parabéns querido filho WILLY .