Audio da mente

segunda-feira

Nada acontece sem que DEUS queira

Quando um irmão à beira de um perigo ,não ouve conselhos e avança sempre em direção ao erro , teria de passar por essa experiência para melhor aprender na vida?

_ Se nada acontece sem que DEUS queira , certamente que Ele acha que assim é mais conveniente  para a criatura mencionada .Se a conversa for nas raias da terra  , Todos nós diremos  que a queda do nosso companheiro foi devido à falta de vigilância ; esqueceu-se de vigiar e orar , devido ao meio ambiente que frequentava ou devido às companhias que com ele transitavam nas horas de amizade .Olhando porém, pelo prisma de ordem espiritual, encarando os fatos com mais realismo , notaremos que ninguém recebe o que não merece , pois essa é a lei da justiça  e o DEUS de bondade é onisciente de tudo o que ocorre no tempo  e do que vai ocorrer na eternidade , como se estivesse em um presente vivo . Acalentamos então a idéia de que o destino ja se acha esquematizado pelo senhor e que tudo ocorre sob a sua magnânima vontade . O fato de julgarmos possuir liberdade  é devido à nossa miopia , pois somente enxergamos os efeitos , deixando de perceber as causas .A experiência nos mostra que tem fundamento essa tua pergunta  , porquanto a  alma, quando não precisa de tais experiências ,acaba se desviando do erro . Os conselhos, nesses casos , seriam inúteis ? Absolutamente não ! Eles ajudam , com as torturas dos fatos , a fixarem as lições nos escaninhos da consciência , pois são avisos que previnem o espírito , para que possa brotar o arrependimento ,força indispensável à disposição do aprendizado , sem o qual as portas das transformações  não se abrirão .Eis porque desde os pais aos professores , dos amigos aos livros , os conselhos estão sempre presentes para os que passam pela vida na terra . Quanto ao mundo espiritual ,os processos de advertências são mais acentuados  no tocante ao aprendizado ,levando em conta ,é certo , a evolução já alcançada pelo espírito .


sexta-feira

- Meu amigo, deseja você, de fato, a cura espiritual?

- Aprenda, então, a não falar excessivamente de si mesmo, nem
comente a própria dor. Lamentação denota enfermidade mental e
enfermidade de curso laborioso e tratamento difícil. É indispensável criar
pensamentos novos e disciplinar os lábios. Somente conseguiremos
equilíbrio, abrindo o coração ao Sol da Divindade. Classificar o esforço
necessário de imposição esmagadora, enxergar padecimentos onde há luta
edificante, sói identificar indesejável cegueira dalma. Quanto mais utilize o
verbo por dilatar considerações dolorosas, no círculo da personalidade,
mais duros se tornarão os laços que o prendem a lembranças mesquinhas.
O mesmo Pai que vela por sua pessoa, oferecendo-lhe teto generoso, nesta
casa, atenderá aos seus parentes terrestres. Devemos ter nosso
agrupamento familiar como sagrada construção, mas sem esquecer que
nossas famílias são seções da Família universal, sob a Direção Divina.
Estaremos a seu lado para resolver dificuldades presentes e estruturar
projetos de futuro, mas não dispomos do tempo para voltar a zonas estéreis
de lamentação. Além disso, temos, nesta colônia, o compromisso de aceitar
o trabalho mais áspero como bênção de realização, considerando que a
Providência desborda amor, enquanto nós vivemos onerados de dívidas. Se
deseja permanecer nesta casa de assistência, aprenda a pensar com justeza.
Nesse ínterim, secara-se-me o pranto e, chamado a brios pelo
generoso instrutor, assumi diversa atitude, embora envergonhado da minha
fraqueza.
- Não disputava você, na carne - prosseguiu Clarêncio, bondoso -, as
vantagens naturais, decorrentes das boas situações? Não estimava a
obtenção de recursos lícitos, ansioso de estender benefícios aos entes
amados? Não se interessava pelas remunerações justas, pelas expressões
de conforto, com possibilidades de atender à família? Aqui, o programa não
é diferente. Apenas divergem os detalhes. Nos círculos carnais, a convenção e a garantia
monetária; aqui, o trabalho e as aquisições definitivas do espírito imortal.
Dor, para nós, significa possibilidade de enriquecer a alma; a luta constitui
caminho para a divina realização. Compreendeu a diferença? As almas
débeis, ante o serviço, deitam-se para se queixarem aos que passam; as
fortes, porém, recebem o serviço como patrimônio sagrado, na
movimentação do qual se preparam, a caminho da perfeição. Ninguém lhe
condena a saudade justa, nem pretende estancar sua fonte de sentimentos
sublimes. Acresce notar, todavia, que o pranto da desesperação não edifica
o bem. Se ama, em verdade, a família terrena, é preciso bom ânimo para lhe
ser útil.
Fez-se longa pausa. A palavra de Clarêncio levantara-me para
elucubrações mais sadias.
Enquanto meditava a sabedoria da valiosa advertência, meu benfeitor,
qual o pai que esquece a leviandade dos filhos para recomeçar serenamente
a lição, tornou a perguntar com um belo sorriso:
- Então, como passa? Melhor?
Contente por me sentir desculpado, à maneira da criança que deseja
aprender, respondi, confortado:
- Vou bem melhor, para melhor compreender a Vontade Divina.

domingo



O Ateu

Minha mensagem é destinada aos homens de pouca fé. A eles eu peço uma atenção
especial.
Quando caminhei pelo mundo terreno, desconhecia que a vida se prolongava após a
morte física. Duvidava desta realidade e, por isso, combatia as idéias religiosas com
pertinácia. Os sermões dos padres, pregações evangélicas ou qualquer tipo de conversação
espiritualista eu sempre ignorava com desprezo, ou, quando havia chance, emitia opinião
desfavorável. Eu repudiava todo e qualquer pensamento que assumisse um cunho religioso.
Era um ateu convicto e não atinava que minhas concepções, na verdade, eram preconceitos
construídos com base na vaidade pessoal.
Às portas da morte, busquei um consolo na filosofia materialista que eu professava,
porém este não veio. Na realidade, eu nunca havia pensado no futuro, pois no futuro que eu
acreditava, haveria apenas o vazio. Eu tinha sede de viver, continuar pensando, manter minha
consciência, mas eu não acreditava na alma imortal. Então, a angústia tornou-se companheira
inseparável dos meus últimos dias. Meus amigos e parentes mais chegados não conseguiram
abrandar os sentimentos deprimentes que se apossavam de mim.
Quando meus olhos fecharam-se para a vida material, passei a andar às cegas por
estranhos caminhos. Eles não tinham início, meio ou fim definidos. Pareciam formar um
labirinto, que espelhava o que se passava em minha alma. Afinal de contas, não cultivei
sentimentos elevados ou solidários durante a vida física, e os poucos amigos que tinha eram
da mesma estirpe que eu, ou seja, alimentavam idéias semelhantes às minhas.
Não compreendia a minha situação, já que apenas lembrava-me de que estava
desenganado pelos médicos, prostrado no leito. Por quê caminhava a esmo? O que havia
ocorrido? Haveria perdido a razão? Estaria moribundo em meio a alucinações de morte? Eu
não poderia mesmo entender, pois assumi como verdade incontestável que após a morte
reinaria o nada. Lembrei-me dos remédios ministrados e concluí que eles deveriam estar
causando tanta confusão mental. O câncer corroía-me, mas os médicos receitavam com
freqüência no afã de tirarem-me os níqueis. Para eles, a medicina era apenas um modo de
sobreviver. Se era para eu permanecer naquele estado, que deixassem-me morrer! Infelizes
homens de branco sem ética, que pouco se diferenciavam de banqueiros ávidos por lucro!
E com este estado de espírito, caminhei por muitos anos por veredas escuras. Depois
soube que foram quase trinta anos. Havia perdido por completo a noção de tempo. Não
poderia imaginar que tinha vagado por quase três décadas. Neste período, minha sina era ser
um andarilho que passava fome e sede, sofrendo dores constantes, que eram reflexo da doença
que destruiu meu corpo. Às vezes parava por imposição do cansaço e caía num sono
perturbador e longo. Em seguida, levantava para voltar a caminhar sem rumo.
Em determinado dia, de suma importância para meu espírito, cheguei a um local que
tinha luminosidade própria. Era um ponto de luz que se destacava naquela escuridão.
Finalmente pude enxergar algo mais definidamente, embora, conforme me aproximasse, a
claridade incomodasse meus olhos. Estaquei somente quando cheguei diante de um grande
portão. Este era ladeado por torres de vigia bastante elevadas. Pude ver guardas por trás do
portão e pedi ajuda. Minha fraca voz parecia não surtir efeito, mas, após algum tempo, vieram
me atender. Recolheram-me para dentro daquele local e rapidamente tornaram a fechar a
entrada. Confuso e cansado, desfaleci.
Pela primeira vez em muito tempo, tive um longo sono reparador. Durante este
descanso, revi toda a minha vida material. Recordei as oportunidades, decepções, algumas
fugazes alegrias e tudo o mais que serviu para que eu fizesse uma avaliação daquela
experiência terrena. Quando despertei, fui carinhosamente alertado para o fato de que já não
dispunha de corpo carnal. Em princípio fiquei arredio com a notícia, pois ela era contrária aos
conceitos que cultivava desde longa data. Porém, como eu era um homem de raciocínio lógico
e havia notado um encadeamento coerente entre os fatos que ocorreram, acabei aceitando a
nova realidade. Entendi que temos uma alma imortal e que Deus está acima da vida e da
morte. Deus é uma inteligência superior que age em conformidade com um amor infinito,
apesar de nós seres humanos sermos tão orgulhosos.
Nos dias que vão, preparo-me para reencarnar, pois esta é uma lei da qual não
podemos fugir, porque através do seu funcionamento nós evoluímos. Ainda faço planos
timidamente, mas uma coisa é certa: tenciono nascer num meio em que me ensinem, desde os
primeiros anos, o ABC do espiritualismo. Assim, espero não mais me enredar nas malhas frias
e duras da incredulidade.

O ateu

22/04/1995