Audio da mente

segunda-feira

TRATAMENTO DAS DOENÇAS E O ESPIRITISMO


1. O Espiritismo pode contribuir para o tratamento das doenças? - A Doutrina Espírita, expressando o Cristianismo Redivivo, não apenas descortina os panoramas radiantes da imortalidade, ante o grande futuro, mas é igualmente luz para o homem, a clarear-lhe o caminho; desse modo, desempenha função específica no tratamento das doenças que fustigam a Humanidade, por ensinar a medicina da alma, em bases no amor construtivo e reedificante.

Nas trilhas da experiência terrestre, realmente, a cada trecho, surpreendemos desequilíbrios, a se exprimirem por enfermidades individuais e coletivas.


2. Existe uma patologia da alma?

- Mágoas, ressentimentos, desesperos, atritos e irritações entretecem crises do pensamento, estabelecendo lesões mentais que culminam em processos patológicos, no corpo e na alma, quando não se convertem, de pronto, em pábulo da loucura ou em sombra da morte.


3. Por que acontece assim?

- Isso acontece porque milhões de criaturas, repostas no lar, recapitulam amargosas e graves experiências, junto àqueles que atormentaram outrora ou que outrora lhes foram implacáveis verdugos; metamorfoseados em companheiros que, às vezes, trazem o nome de pais e figuram-se adversários intransigentes;

responderam por filhos e mais se assemelham a duros algozes dos corações afetuosos que lhes deram o tesouro do berço; carregam a certidão de esposos e parecem forçados, em algema dupla na pedreira do sofrimento; fazem-se conhecidos por titulares da parentela e exibem-se, à feição de carrascos tranqüilos.


4. Como classificar o reduto doméstico, onde se reúnem sob os mesmos interesses e sob o mesmo sangue os inimigos de existências passadas?

- Do ponto de vista mental, os adversários do pretérito, reencarnados no presente, expandem entre si tamanha carga vibratória de crueldade e rebeldia, que transfiguram o ninho familiar em furna, minada por miríades de raios destrutivos de azedume e aversão.


5. Qual o papel dos princípios espíritas diante dos conflitos familiares?


- Diante dos conflitos familiares, surgem os princípios espíritas por medicação providencial.


6. Qual o ponto fundamental do socorro espírita nos males de origem doméstica?


- Claramente, na educação individual e, evidenciando a reencarnação, destaca o impositivo da tolerância mútua, por terapêutica espiritual imediata, a fim de que os pontos nevrálgicos do indivíduo ou do grupo sejam definitivamente sanados.


7. Como classifica a Doutrina Espírita as pessoas difíceis da convivência ou da consangüinidade?


- A Doutrina Espírita, proclamando o entendimento fraterno por medida inalienável, perante os ajustes precisos, cataloga os irmãos transviados na ficha dos enfermos carecentes de compaixão e socorro.


8. Como funcionam os ensinamentos espíritas na cura dos males que infelicitam as criaturas humanas?


- Os ensinamentos espíritas, despertando a mente para a necessidade do trabalho e do estudo espontâneo, preparam a criatura em qualquer situação, para a obra do aperfeiçoamento próprio e desvelando a continuidade da vida, para lá da morte, patenteiam ao raciocínio de cada um que individualidade não encontrará além-túmulo, qualquer prerrogativa e sim a felicidade ou o infortúnio que construiu para si mesma, através daquilo que fez aos semelhantes.


9. A caridade pode auxiliar nas curas dos males humanos?


- Fácil verificar, assim, que a Doutrina Espírita encerra a filosofia do pensamento reto, por agente preservativo da saúde moral, e consubstancia a religião natural do bem, cujas manifestações definem a caridade por terapêutica de alívio e correção de todos os males que afligem a existência.


10. Em que fórmulas essenciais se baseia a terapêutica espírita?


- Com os ensinamentos espíritas aprendemos que os atos de bondade, ainda os mais apagados e pequeninos, são plantações de alegrias eternas e que o perdão incondicional das ofensas é a fórmula santificante para supressão da dor e renovação do destino.


11. Quais são os medicamentos do Espírito?


- Nas atividades espíritas, colhemos do magnetismo sublimado benefícios imediatos, seja no clima do passe, sob o influxo da oração, ou no culto sistemático do Evangelho no lar, por intermédio dos quais, benfeitores e amigos desencarnados nos reequilibram as forças, através da inspiração elevada, apaziguando-nos os pensamentos, ou se valem de recursos mediúnicos esparsos no ambiente, a fim de nos propiciarem socorro à alma aflita ou às energias exaustas.

(do livro “Leis de Amor” – F.C. Xavier e Waldo Vieira - Espírito Emmanuel)

ALLAN KARDEC E O ESPIRITISMO


“A quem quer que estude a história da ciência, da filosofia e da religião, da cultura em geral, deparar-se-lhe-á um fato comuníssimo, o de que as descobertas, os aprofundamentos, vão se dando de maneira progressiva, e que não há nenhum gênio que possa gabar-se de ter desprezado todo conhecimento anterior e erguido outro a partir de alicerces próprios, totalmente desconhecidos.

Isto se dá no campo da físico-química, onde as idéias de partículas constituintes da matéria já haviam sido geradas intuitivamente por Leucipo e Demócrito;

no campo da psicologia, pois a idéia do inconsciente é bem anterior a Freud, e os arquétipos junguianos têm seus precedentes em Platão e Agostinho, além de corresponderem à participation mystique de Lévy-Bruhl; no da filosofia, pois São Tomás de Aquino continua Aristóteles, Kant avança a partir de Locke, etc.

Já houve quem dissesse que toda a filosofia não é outra coisa que comentários de Platão... Também, um estudo da história das religiões demonstrará que as idéias são sempre renovadas, aperfeiçoadas, decantadas, mas que elas já existiam antes, em forma de lampejos ou de revelações que ficaram esquecidas e que foram posteriormente retomadas.

Monoteísmo, politeísmo, monismo, trindade, imanentismo, panteísmo, unidade, multiplicidade, etc., são idéias que navegam na mente humana desde a pré-história. De quando em quando, surge alguém colocado num ângulo da história com capacidade de centralização do conhecimento, que, tomando dos elementos esparsos, consegue reaver, recuperar o conhecimento olvidado e impulsioná-lo progressivamente.

Isto aconteceu com Vyasa, Lao-Tzu, Agostinho, Tomás de Aquino, Francisco de Assis, Kant, Hegel, Dalton, Freud, Jung, etc. Os estudiosos têm mesmo procurado demonstrar o enraizamento das lições de Jesus no Antigo Testamento. Em nada se lhes tira a genialidade, a capacidade criadora ou a elevação do espírito.

Eles funcionam como síntese necessárias, alcançadas pelo conhecimento, para que este possa desenvolver-se. E o trabalho continuará com outros seres que buscarão ampliá-lo ou aplicá-lo.


Isso tudo vem a pêlo para considerar a afirmativa de Allan Kardec de que o Espiritismo está todo por inteiro nas filosofias antigas, nas religiões (...) Muitos companheiros respeitáveis não atentam para o fato, embora Kardec o tivesse destacado em várias oportunidades, inclusive na Revista Espírita, mas sobretudo nas conclusões de O Livro dos Espíritos, que, como sabemos, é a pedra angular do conhecimento espírita, e julgam que nada existia antes de Allan Kardec, que ele criou todo o Espiritismo.

Ora os Espíritos Superiores sempre estiveram em contato com a Humanidade, transferindo suas lições, pois, como nos assegurou Jesus, Ele jamais nos deixaria órfãos. A História da Humanidade é a História das Revelações, desde os Vedas, a filosofia hermética de Trismegisto, o Zend-Avesta, o Alcorão, etc. para não falar dos profetas do Antigo Testamento ou da mediunidade nos tempos do Cristianismo nascente, que mantinha acesa a chama do Evangelho antes que ritos e dogmas a ocultassem.

Nos tempos mais recentes, Swedenborg, Andrew Jackson Davis, Hudson Tuttle, as irmãs Fox, todo o movimento espírita surgido na América do Norte, bem como na Alemanha, acabaram por desembocar na França constituindo-se em precursores da obra de que Kardec se encontraria encarrregado.

Era ele, portanto, o destinado à realização da síntese do conhecimento espírita tão necessária para que as noções da vida espiritual pudessem generalizar-se, desenvolver-se de modo coerente, escoimadas de superstições, ritos e dogmas que já haviam alcançado e recoberto o ensino de Jesus, ocultando o seu verdadeiro sentido pelos interesses inconfessáveis de alguns, ou pela ignorância a que o povo se viu submetido.

O que há de realmente novo é que agora o movimento espírita surge como uma “invasão organizada”, espalham-se arautos espirituais por toda a parte, reencarnam em massa os intermediários, há urgência na revelação espiritual ao ser humano.

Já não se exigem nem se pedem sacerdotes, o homem em geral já se mostra suficientemente maduro para obter diretamente o conhecimento do Espírito. Disto decorre que, ao invés do movimento surgir no seio das igrejas, ou tomar a forma de uma religião organizada, ou apresentar-se como uma dissidência de qualquer uma delas, o Espiritismo emerge no meio do pensamento filosófico:

surge como uma filosofia com conseqüências no campo moral e religioso, mesmo porque a ética não consegue abstrair-se totalmente da religião.

Só assim seria possível sintetizar em matéria religiosa, depurando sem sofrer as coerções, as imposições, as restrições impostas pelo ambiente das religiões organizadas.

Naturalmente, com isso não se safou Kardec de lutas, de incompreensões e da inclusão de seus livros no Index dos livros proibidos pela Igreja Católica dominante no mundo ocidental, mas propiciou-lhe o recolhimento e a isenção de ânimo para poder trabalhar com liberdade na concretização da síntese iluminadora.

Este é realmente o marco que representa a Doutrina: ela surge como um ponto de confluência do pensamento religioso da Humanidade, porém não como ponto terminal. Pelo contrário, é um ponto de expansão, de ampliação, de libertação deste mesmo pensamento, ao colocar o homem diretamente em contato com os problemas que sempre o afetaram desde o seu aparecimento sobre a Terra – Deus, a existência e a sobrevivência da alma.

As mais antigas civilizações já perquiriam sobre o assunto: cerimônias, símbolos, pinturas, pergaminhos, etc. recolheram sempre a inquietude do homem sobre a criação e seu próprio destino.

O Espiritismo apresentou-se não mais para abrir frestas, seteiras, basculantes, janelas ou portas, mas para derrubar as paredes que separavam as duas humanidades, tanto quanto isso seja possível ao homem encarnado, oferecendo-lhe a certeza do seu destino imortal, recolhida pelo próprio esforço e investigação, tornando-o, deste modo, plenamente responsável pelos seus atos, à medida que lhe propicia o conhecimento das leis espirituais e a sua incidência sobre a criatura humana.


Como podemos ver, o fato de possuir o Espiritismo raízes em todos os povos, não desfaz, de modo algum, a grandeza do papel desempenhado por Allan Kardec, o qual ainda não é bem reconhecido, mesmo entre os espíritas. Não se tem uma medida exata do que ele representou historicamente, e nem se conhece em profundidade o que ele escreveu.

Uma visão mais ampla exige que o estudioso se debruce sobre o ambiente de sua época, conheça as idéias dominantes, os regimes políticos, a influência das igrejas, a cultura existente, etc, a fim de poder avaliar o que realmente representou naquele momento histórico a figura de Allan Kardec.

Durante muito tempo, procurou-se ocultá-la: divulgou-se freneticamente a Teosofia da Sra. Blavastsky e colocou-se à margem o Espiritismo, num paradoxo de tentar esconder o codificador; olvidou-se que foi o impulso e a insistência de Kardec que conduziram os cientistas a voltarem-se para as investigações psíquicas, ainda que, a princípio, com o fito de desmascarar as evidências do Espírito.

Um dia, far-se-á um melhor reconhecimento da plenitude de sua figura. Mas até lá, cumpre-nos manter acesa a chama, estudando, perquirindo, investigando e, sobretudo, vivendo a idéia espírita, para que o verdadeiro pensamento de Allan Kardec possa desenvolver-se e encontrar seu destino”.

(do livro “Espiritismo em Movimento” pelo Espírito Deolindo Amorim)

Com este texto expressamos a nossa reverência e gratidão a este Espírito de Escol que realizou este trabalho extraordinário, ofertando para a Humanidade a Doutrina Espírita, como a expressão máxima, na atual conjuntura mundial, da religiosidade a que a criatura humana pode compreender no grau de evolução em que se encontra.

REFORMA INTIMA


Reforma Íntima

João Batista Armani

Muitos são os motivos que nos levam à Casa Espírita: Pelo amor, pela dor, convite de alguém, hoje pela razão, etc...

E o que acontece? Assistimos palestras, recebemos o passe, tomamos água fluidificada e vamos embora. Somos espíritas apenas dentro da Casa Espírita, estas atitudes irão se repetir por longo tempo. Mas à medida que vamos estudando e compreendendo melhor os ensinamentos espíritas, sentimos que necessitamos nos integrar mais nas ações de reforma moral da sociedade, e nada melhor para fazermos isso do que iniciando por nós mesmos, ou seja, que sejamos espíritas na convivência com o mundo, e isso nos leva à nossa reforma moral.

Todo espírita estudioso caminha neste sentido, porque compreende que o Espiritismo como filosofia busca atingir o seu mais nobre objetivo, que é a reforma moral da criatura.

A grande maioria dos livros escritos pelas vias mediúnicas são ricos de ensinamentos e verdadeiros tratados de saúde mental, com uma terapia baseada no Evangelho de Jesus e na Codificação Kardequiana.

Livros como: “Auto Conhecimento”, “O Homem Integral”, “O Ser Consciente”, “Espelho D’alma”, “Momentos de Renovação” e outros não necessariamente espíritas, nos indicam a importância da Reforma Íntima, ou renovação de atitudes, como fator essencial para alcançarmos o progresso moral e espiritual, visando à nossa felicidade relativa.

Duas afirmativas nos chamam à reflexão:

1. Renovação de atitudes...

Um jovem foi ao médico, queixando-se de dores abdominais. Tendo sido atendido pelo médico, este atencioso, realizou exames, fez entrevistas, e ao final chegou ao diagnóstico: Cirrose hepática, doença do fígado por ingestão de bebida alcoólica. Enfermidade conhecida e facilmente tratável, receitou um tratamento, onde o paciente deveria tomar uma medicação, fazer caminhadas diárias, ao final da caminhada realizar algumas ginásticas. O paciente saiu satisfeito pois veria-se livre de suas dores. Ao final de um mês, retornou novamente o paciente ao consultório médico, onde o doutor o atendeu solícito.

Há doutor! O tratamento não deu resultado, pois continuo a sentir dores. O profissional estranhou, pois tinha confiança em seu diagnóstico, mas voltou a examiná-lo.

- O senhor tomou o remédio que lhe receitei? Sim senhor doutor, certinho, três vezes ao dia!

- O senhor fez as caminhadas para melhorar a circulação? Cinco quilômetros todos os dias doutor!

- O senhor fez as ginásticas como recomendado? Uma hora diária após as caminhadas doutor!

- O senhor parou de beber? Não doutor... doutor continua doendo...

A medicina terrena trata das enfermidades do corpo físico, o Espiritismo trata das enfermidades do espírito (estando ele encarnado ou não). O médico nos escuta, analisa, faz exames e nos recomenda um tratamento. A Casa Espírita, nos escuta, analisa, consola, e também nos recomenda mudanças de atitudes; mas esta vai mais além em nosso benefício, pois nos fornece o passe magnético, a água fluidificada e em alguns casos tratamentos de desobssessões.

Mas assim como no caso do paciente enfermo, se quisermos melhorar, cumpre que façamos a nossa parte mudando as nossas tendências negativas, ou ficaremos indefinidamente tomando remédios, realizando caminhadas, fazendo ginásticas, recebendo passes, tomando água fluidificada...

Emmanuel, em uma de suas mensagens no diz: “O pastor conduz o seu rebanho, mas são as ovelhas que andam com as próprias pernas”.

2. Felicidade relativa...(Em virtude da afirmativa de Jesus – “A felicidade não é deste mundo” Bíblia/Eclesiastes, Evangelho Segundo o Espiritismo/ Capítulo V, item 20). Analisando esta afirmativa do Cristo apenas pela letra que mata e não pelo espírito que vivifica, muitos apressados, inimigos do estudo e cultores do negativismo atribuem que estamos na Terra para sofrer, que este é um vale de lágrimas, aqui só há dores e aflições, etc. Semelhantes afirmativas são no mínimo equivocadas e inconseqüentes, pois espalham o desânimo, pessimismo, descrença, resignação incondicional. A nossa razão nos mostra que podemos e temos momentos felizes mesmo no estágio evolutivo em que nos encontramos, pois quem não fica feliz com um casamento? O nascimento do primeiro filho? Uma formatura? O primeiro emprego? No aniversário, receber aquele presente tão esperado? Jesus, profundo conhecedor, não iria contrariar as Leis Naturais, negando estes fatos. Ele se referia tão somente à felicidade plena, que é atributo apenas dos Mundos Felizes e Angélicos.

Sabemos então que para evoluirmos espiritualmente temos que realizar a nossa Reforma Íntima, mas algumas perguntas nos assaltam:

· O que é Reforma Íntima? Ela deve ser compreendida como a chave mestra para o sucesso de sua melhora interior e, conseqüentemente, da sua felicidade exterior.

· Para que serve? Renovar as esperanças interiores tendo por meta o fortalecimento da fé, a solidificação do amor, a incessante busca do perdão, o cultivo dos sentimentos positivos e a finalização no aperfeiçoamento do ser.

· O que fazer? Realizar atos isolados, no dia-a-dia levando-nos a melhorar as nossas atitudes, alterando para melhor a nossa conduta aproximando-a tanto quanto possível do ideal cristão.

· Por onde começar? Pela auto crítica.

· Como fazer a reforma íntima? Bem .....

(Cairbar Schutel – “Fundamentos da Reforma Íntima” Abel Glaser).

Embora uma linha de pensadores espíritas entenda que os meios de o conseguir é obra e esforço de cada um, as obras literárias estão repletas de indícios e dicas.

Em “O Livro dos Espíritos” no capítulo Conhecimento de si mesmo, à pergunta 919, Allan Kardec questiona aos Espíritos:

- Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?

“Um sábio da antigüidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.”

Allan Kardec, profundo conhecedor das deficiências humanas, investiga mais a fundo no desdobramento da questão acima.

919a) - Conhecemos toda a sabedoria desta máxima, porém a dificuldade está precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo?

“Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar...(SANTO AGOSTINHO).( O Livro dos Espíritos - Allan Kardec)

Parece resultar daí que o conhecimento de si mesmo é, a chave do progresso individual.

(esta é uma tarefa que compete a cada um individualmente).

Ocorre-nos lembrar de Benjamin Franklin, Estadista, escritor e inventor norte americano (inventor do para-raio, Boston 17-01-1706 - Filadélfia 17-04-1790).

Benjamin Franklin era um tipógrafo na Filadélfia homem fracassado e cheio de dívidas, achava que tinha aptidões comuns mas acreditava que seria capaz de adquirir os princípios básicos de viver com êxito, se pudesse apenas encontrar o método certo. Método este encontrado e relatado em seu livro a “Autobiografia de Benjamin Franklin” (1771-1788).

Benjamin Franklin, em sua juventude era um homem de muita inteligência e perspicácia, apesar de ter estudado apenas até o segundo ano primário. Era hávido por conhecimento e lia muito, estudava e escrevia ensaios e poesias. Estudava sobre tudo que lhe interessava, principalmente sobre os grandes vultos da história de todos os tempos. Por isso mesmo tinha uma grande cultura e um conceito moral muito rígido, e cobrava-se muito, bem como, cobrava aos outros a mais correta e ilibada conduta. Em suas reuniões sociais, tecia críticas francas e ácidas sobre todos os deslizes de seus colegas, sentindo um prazer mórbido em derrotar verbalmente aos seus oponentes, fato que ao longo do tempo foi deixando-o só e isolado nas reuniões a que eram “obrigados” a convidá-lo pelo seu cargo político.

Sentindo o peso deste isolamento, em conversa com um amigo muito chegado, comentou esta aversão das pessoas de seu convívio.

Tendo sido localizada a causa deste sentimento de aversão, com uma tenacidade que só as almas valorosas possuem, empreendeu luta acirrada ao combate às suas imperfeições.

Mas por mais que se esforçasse, controlava uma imperfeição mas caía invariavelmente em outra, quando esta outra recebia a sua atenção novo deslize fazia-o tropeçar, e a situação não avançava. Era como se estivesse tentando reter água com as mãos que, não obstante, escorria por entre seus dedos.

O isolamento continuava e até acentuava-se.

Lembrando-se das habilidades bélicas de Napoleão Bonaparte, que adotava a estratégia de “dividir para vencer”, de espírito inventivo, Franklin imaginou um método tão simples, porém tão prático, que qualquer pessoa poderia empregá-lo.

Franklin escolheu treze princípios que julgava ser necessário ou desejável aprender e procurar praticar. Escreveu-os em pequenos pedaços de cartolina, com breve resumo do assunto, e dedicou uma semana da mais rigorosa atenção a cada um desses princípios separadamente. Desse modo, pode percorrer a lista toda em treze semanas, e repetir o processo quatro vezes por ano.

Quando passava ao princípio seguinte não esquecia os anteriores, e cada vez que se pegava em falha, fazia uma pequena marca no verso do cartão, assim no retorno àquele princípio dedicava maior atenção e esforço.

Manteve em segredo o que estava fazendo, pois receava que os outros se rissem dele. (é triste constatar que até aos dias de hoje nos vangloriamos de atos incorretos, falcatruas, engodos, vícios que cometemos, mas temos vergonha de admitirmos que estamos tentando melhorar praticando alguma virtude).

Ao fim de um ano Franklin havia completado quatro cursos, e constatou que já buscava com naturalidade o controle de suas falhas, apesar de estar longe de dominar com perfeição qualquer daqueles princípios.

Este procedimento deu tão certo que Franklin utilizou-o ao longo de toda a sua vida, embora mudando os princípios uma vez já tendo controlado aquela deficiência combatida.

Os treze princípios de Benjamin Franklin eram

(Autobiografia de Benjamin Franklin): (tais como escreveu e na ordem que lhes deu)

  1. Temperança – Não coma até o embotamento; não beba até a exaltação.
  1. Silêncio – Não fale sem proveito para os outros ou para si mesmo; evite a conversação fútil.
  1. Ordem- Tenha um lugar para cada coisa; que cada parte do trabalho tenha seu tempo certo.
  1. Resolução – Resolva executar aquilo que deve; execute sem falta o que resolve.
  1. Frugalidade – Não faça despesa sem proveito para os outros ou para si mesmo; ou seja nada desperdice.
  1. Diligência – Não perca tempo; esteja sempre ocupado em algo útil; dispense toda atividade desnecessária.
  1. Sinceridade – Não use de artifícios enganosos; pense de maneira reta e justa, e, quando falar, fale de acordo.
  1. Justiça – A ninguém prejudique por mau juízo, ou pela omissão de benefícios que são dever.
  1. Moderação – Evite extremos; não nutra ressentimentos por injúrias recebidas tanto quanto julga que o merecem.
  1. Asseio – Não tolere falta de asseio no corpo, no vestuário, ou na habitação.
  1. Tranqüilidade – Não se perturbe por coisas triviais, acidentes comuns ou inevitáveis.
  1. Castidade – Evite a prática sexual sem ser para a saúde ou procriação; nunca chegue ao abuso que o enfraqueça, nem prejudique a sua própria saúde, ou a paz de espírito ou reputação de outrem.
  1. Humildade – Imite Jesus e Sócrates.

A quantos desejarem experimentá-lo, sugere-se analisarem-se, buscando aquelas deficiências mais comuns e corriqueiras, que sabemos possuir, ou as qualidades que não temos mas que gostaríamos de ter, adaptando o método às necessidades e interesses de cada um. Ao alcançar uma conquista, alterar a meta, buscando por outra, que vão surgindo ao longo do tempo, mas cuidando sempre para que não incorram em recaída.

Este não é o primeiro e nem será o último método inventado, que visa à melhoria das pessoas através da reforma íntima, mas com certeza, nos aponta mais uma alternativa palpável e simples, que está ao alcance de quantos tiverem a coragem e a vontade firme de empreender esta luta íntima na escalada evolutiva.

Não é um caminho fácil. Não existe caminho fácil. Mas é um caminho seguro.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capítulo XVII, SEDE PERFEITOS, Allan Kardec escreveu:

“Reconhece-se o verdadeiro Espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que emprega para domar as suas más inclinações”.

Na Bíblia em “O Novo Testamento”, Tiago em suas epístolas nos adverte: “Fé sem obras é estéril”.

Que Jesus nos ilumine e guie.

Muita paz.

Bibliografia:

  1. O Evangelho Segundo o Espiritismo. (Allan Kardec).
  2. O Livro dos Espíritos. (Allan Kardec).
  3. O Homem Integral.( Divaldo Pereira Franco – Joanna de Angelis).
  4. Autobiografia de Benjamin Franklin.
  5. Fundamentos da Reforma Íntima. (Abel Glaser – Cairbar Schutel)

Florianópolis
18/03/2002
Duração: 35 minutos